Explicamos o que é o estado de bem-estar, como surgiu esse conceito político. Além disso, quais são suas características gerais e críticas.
O que é o Estado de bem-estar?
O estado de bem-estar é um conceito político adotado por algumas formas de governo em que o papel do Estado consiste em proporcionar igualdade aos cidadãos, satisfazendo as necessidades básicas, promovendo a igualdade de oportunidades e a distribuição equitativa da riqueza.
Este conceito surgiu com a queda do feudalismo, época em que o servo que vivia sob a exploração de uma elite tornava-se um trabalhador livre sem a “proteção” do soberano. É assim que surge o conceito de estado de bem-estar que defende os direitos sociais de todos os cidadãos.
No início do século XX, após grandes crises e guerras, especialmente após a Segunda Guerra Mundial (em 1945), a ideologia do estado de bem-estar conseguiu se consolidar. Além disso era conhecido como o estado de providênciaestado protetor ou estado social.
O sistema de governo intervém através de uma rede de instituições e organizaçõespara ajudar os setores mais empobrecidos a sair dessa condição de vulnerabilidade, além de promover a equidade entre todos os cidadãos.
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História do estado de bem-estar
A origem do estado de bem-estar ocorreu nos países desenvolvidos da Europa Ocidental, especialmente na Alemanha. A figura de Otto Von Bismarck se destacou que propôs a modalidade de previdência social. Assim surgiu um tipo de apólice popular que cobria seguro saúde e aposentadoria.
Em 1929, após a queda da bolsa de valores de Wall Street (nos Estados Unidos), o economista britânico John Keynes introduziu o conceito do estado de bem-estar em contraste com o estado liberal que estava em declínio.
Teoria econômica de Keynes argumentou que a intervenção do governo poderia estabilizar a economiaaumentando os níveis de emprego e produção, através do aumento da despesa pública (especialmente em períodos de maior desemprego).
Características do estado de bem-estar
O estado de bem-estar desenvolvido com influência keynesiana (durante o pós-guerra), período em que houve a passagem da previdência social e econômica de alguns para a previdência social de todos os cidadãos. Os direitos econômicos, sociais e culturais foram considerados “direitos humanos” pelo estado de bem-estar.
Originalmente, era um conceito aceito pela ideologia política de esquerda e direita. Daí a complexidade de seu desenvolvimento ideológico. Os estados de bem-estar propostos por sociedades mais conservadoras tendiam a ser limitados em escopo e ambição. No entanto, estavam abrindo caminho para que o Estado aumentasse seu poder.
Existem quatro modelos de estado de bem-estar que foram implementados na Europa Ocidental e que diferiam pelo nível de proteção social que promoviam:
- O continente. Era um modelo em que a maior proporção do gasto público era destinada à previdência. Os sindicatos agrupavam um número reduzido de filiados, porém, sua opinião tinha peso nas negociações coletivas. Foi aplicado em países como Alemanha, Áustria, França, Bélgica, Holanda e Luxemburgo.
- o nórdico. Foi o modelo social-democrata de maior alcance na proteção social e com o nível mais generalizado de acesso aos benefícios sociais, atingindo altos padrões de qualidade. Foi aplicado em países como Dinamarca, Noruega, Suécia, Islândia e Finlândia.
- O liberal anglo-saxão. Era um modelo de atuação limitada, com menos medidas preventivas e pouca relevância para a assistência social, com um sistema de subsídios de difícil acesso à população. Foi aplicado nas nações do Reino Unido e na Irlanda.
- O Mediterrâneo. Tratava-se de um modelo de intervenção parcial do Estado, o que implicava uma redução dos gastos públicos e uma queda na cobertura previdenciária e assistencial. Os sindicatos tiveram grande presença nos acordos e negociações. Foi aplicado em países como Espanha, Grécia, Itália e Portugal.
O estado de bem-estar assenta em quatro pilares que o identificam, independentemente do modelo ou nível de desenvolvimento alcançado:
- Acesso à saúde. Consiste em um sistema de saúde universal e de fácil acesso (às vezes é gratuito para quem não pode pagar).
- Seguro Social. É constituída por pensões contributivas de reforma, viuvez, orfandade ou situações de invalidez.
- Acesso à educação. Assim como o acesso à saúde, baseava-se no caráter universal e, além disso, obrigatório até certo nível de escolaridade.
- Serviços sociais. Consiste em serviços públicos que prestam assistência ou socorro aos cidadãos que, apesar das ações do sistema do Estado, não tiveram acesso à saúde, saneamento ou educação.
Crítica ao estado de bem-estar
A partir da década de 1970, as críticas ao estado de bem-estar social aumentaram. alguns economistas acusado de irregularidades na administração do Estado evidenciando que ele tinha despesas fixas demais e que os investimentos das receitas não se refletiam nos serviços públicos. Propuseram que o Estado interviesse apenas no mínimo e no essencial. Gradualmente, o conceito de estado de bem-estar perdeu credibilidade e deu lugar a novos modelos neoliberais.