Explicamos o que é um referendo e os tipos de referendo que existem. Além disso, quais são suas características, limitações e exemplos.
O que é um referendo?
Se llama referendo o referendum a um mecanismo legal que permite que uma lei seja submetida à opinião públicaato administrativo ou decisão governamental, mediante processo eleitoral ou votação.
É uma ferramenta de consulta típico de democracias diretas e participativasem que os cidadãos têm o poder de exercer livremente o seu direito de voto, de aprovar ou rejeitar o que for consultado.
Para chegar a um acordo vinculativo uma das duas opções deve atingir a maioria dos votoscom a participação de parcela representativa do eleitorado total.
Outra forma de chamar o referendo é o termo plebiscitoembora possa haver discrepâncias técnicas quanto à nomenclatura legal.
Veja também: Autarquia.
Origem do termo referendo
O termo referendum (ou referendum, diretamente em latim) vem da doutrina do direito romanoe significa literalmente “tomar de volta”, pois os políticos eleitos pelo voto popular, ou seja, delegados pelo povo para exercerem em seu nome as suas decisões soberanas, devolviam aos cidadãos o poder de decisão sobre alguns assuntos difíceis ou delicados, que eram então chamado consultar (“a ser devolvido”).
De forma similar, O termo plebiscito vem do latim plebiscitoque vem de plebe (massa, maioria, de onde também vem “plebe” ou “plebeu”) e conhecido (decreto): um decreto da maioria.
História do referendo
Os plebiscitos Eles vêm principalmente do Direito Romanoembora seja provável que haja evidências de consulta popular e aclamação da maioria antes disso.
Mas a figura propriamente dita da consulta aos cidadãos para o exercício da sua soberania é relativamente moderna, pois nas monarquias tradicionais ou absolutistas esta residia na figura do Rei e não nas massas trabalhadoras.
Os plebiscitos na Roma antiga (segundo alguns esta figura seria o antecessor e não exatamente sinônimo de referendo) foram convocados pelos tribunosque organizou a classe plebeia em assembléias chamadas conselho do povo cujas resoluções tinham força de lei.
No entanto, o fim referendo Começou a ser utilizado no século XVI nos cantões iniciais da Confederação Suíça, onde foi utilizado como mecanismo de consulta federal.
Mais tarde passaria para as mãos dos revolucionários da França em 1789, que realizou uma versão popular dela, permitindo que as pessoas comuns votassem para aprovar a constituição recém-elaborada.
Diferenças entre referendo e plebiscito
Embora sejam comumente usadas como sinônimos, essas duas palavras podem diferir em seu caráter criativo ou meramente aprovador, ou seja, enquanto o plebiscito pode ser usado para criar um corpo de leisreceber propostas e submetê-las à aprovação, o referendo funcionaria sempre como um mecanismo oficial de consulta sobre a aprovação ou rejeição de alguma lei, medida ou ato de governo.
Esta distinção é, no entanto, de natureza técnica e normalmente não é considerada.
Tipos de referendo de acordo com sua finalidade
Existem diferentes tipos de referendos dependendo da sua finalidade, tais como:
- Referendo de independência. Aquela que é realizada para saber se uma população deseja se tornar independente de seu Estado atual e constituir um território político autônomo.
- Referendo constitucional. Aquele que é realizado para consultar o soberano sobre uma modificação, revogação ou decisão específica sobre a Constituição Nacional.
- Referendo legal. Aquele que é realizado para consultar o soberano sobre uma determinada lei ou corpo de leis.
- referendo revogatório. Aquele que consulta o povo sobre o desejo de um presidente continuar no cargo pelo resto de seu mandato constitucional ou deixá-lo antes da data estipulada em lei.
Tipos de referendo de acordo com sua fundação
Outra classificação possível dos referendos prende-se com a sua natureza jurídica no quadro legal vigente:
- Referendo obrigatório. Aqueles que são realizados de forma obrigatória de acordo com as disposições da lei.
- Referendo facultativo. Aqueles eventuais referendos que são convocados por um órgão específico do Estado.
- Referendo consultivo. Aqueles que são levados a submeter-se ao julgamento do soberano em matéria, ainda que não sejam de todo vinculantes.
- Referendo de decisão. Quando a matéria decidida for vinculativa e for executada de imediato.
- Referendo constitutivo. Quando a consulta é realizada para aprovar uma decisão ou disposição.
- Plebiscito. Chamar toda a sociedade a escolher uma das várias opções em relação a um assunto de interesse comum.
Tipos de referendo de acordo com seu caráter
A última classificação possível dos referendos tem a ver com o seu sentido político e jurídico:
- Referendo propositivo. Aquele que permite propor novas leis de acordo com a decisão da maioria.
- Referendo de aprovação. Aquele que permite ao soberano apoiar leis resultantes de iniciativas legislativas populares ou de outra natureza.
- Referendo abrogatorio. Aquele que consulta o soberano para revogar leis existentes cuja hierarquia seja igual ou inferior a uma nova lei proposta.
Importância do referendo
A figura dos referendos é tremendamente importante para a saúde da democracia e das repúblicas por ele governadas. A consulta ao soberano não só legitima decisões políticas que possam ser arriscadas ou questionáveis, como também mantém vivo o espírito democrático de participação cidadã, uma vez que as decisões tomadas nas instâncias superiores do Estado são ratificadas pelo povo sem distinção de classe social ou impedimentos que não sejam aqueles estabelecidos na Carta Magna sobre o direito de voto.
Referendo e democracia
Embora a existência de consultas populares (não eleitorais) seja um claro sintoma de saúde democrática, uma vez que se consulta a voz das maiorias, também é verdade que a sua figura tem sido aproveitado por governos antidemocráticos legitimar-se no poder por meio de consultas fraudulentas, coercitivas ou de franqueza questionável, distorcendo o espírito da consulta.
Mais em: Democracia.
Limitações do referendo
Nem tudo pode ser submetido, porém, à consulta popular. Nenhum referendo pode contrariar princípios elementares da convivência democráticacomo Direitos Humanos, por exemplo.
Uma decisão ilegal não pode ser justificada em uma consultaembora lhe confira uma legitimidade democrática, também não podem ser infringidas as regras estabelecidas na Constituição, sem antes consultar o soberano quanto à modificação da mesma que, posteriormente, permite nova consulta específica.
Exemplos de referência
Alguns exemplos notórios de referendos são os seguintes:
- Na província canadense de Quebec, um referendo pela independência foi realizado em 1980.
- Em 1988, foi realizado um referendo no Chile para pôr fim à ditadura militar pinochetista.
- Em 1993, foi realizado um referendo no Peru para aprovar a nova constituição criada pelo Congresso Constituinte Democrático.
- Em 1999, foi realizado um referendo na Venezuela para convocar uma Assembleia Nacional Constituinte e outra para aprovar a nova Constituição elaborada por ele.
- Em 2004, a aprovação do Tratado que estabelece uma Constituição Europeia foi submetida a referendo em alguns países europeus.
- Em 2009, novamente na Venezuela, foi convocado um referendo para aprovar a modificação da Constituição Nacional, permitindo a reeleição indefinida do cargo presidencial.
- Em 2011, no Sudão do Sul, foi realizado um referendo de independência que inaugurou uma nova República e deu lugar à primeira declaração de independência do mundo obtida por votos.
- Em 2016, foi realizado um referendo na Colômbia para aprovar o tratado para acabar com a guerra civil com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).